terça-feira, 1 de maio de 2012

Os Astecas



São precedidos pelos olmecas e toltecas.
Os olmecas são assimilados pelos toltecas, que estendem seu domínio pelo México, onde se encontram os maias.
Há indícios de que os astecas vivem como servos dos toltecas desde o século IX. Mantêm, porém, sua organização tribal e no século XIV fundam cidades-Estado próprias.
Praticam a agricultura, intensificam o comércio e constroem templos e pirâmides. Fundam e expandem seu primeiro reino durante o século XVI, submetendo outras tribos e cidades-Estado.
Quando os espanhóis invadem o México, em 1519, conseguem a adesão dos povos dominados para destruir o reino asteca.

Conquista da América
Fernando e Isabel financiam as viagens de Cristóvão Colombo, que descobre a América em 1492 e dá início a um vasto império colonial espanhol no Novo Mundo. Hernán Cortés conquista o México dos astecas em 1521 e Francisco Pizarro derrota os incas no Peru e em 1532.
O rei Carlos I (1516-1556), da família dos Habsburgos, herda o reino e se torna, decorrência de casamentos dinásticos, o governante mais poderoso da Europa: senhor da Holanda (Países Baixos), Áustria, Sardenha, Sicília e Nápoles e imperador do Sacro Império Romano-Germânico, com o título de Carlos V.

Cultura
O artista pré-hispânico é regido principalmente por conceitos religiosos, mesmo que anônimos e, reproduzindo o imaginário coletivo, muito mais que o individual. Na sociedade asteca possuía lugar de destaque e importância.
É necessário que nos desvencilhemos dos "pré-conceitos" ocidentais e em termos artísticos ainda impregnados dos conceitos renascentistas, para podermos compreender a dimensão que as artes visuais, a música, o teatro e a poesia (oral e escrita), representavam para a cultura asteca.
As artes constituíam seu principal meio de comunicação e de relato histórico, através das formas é que os astecas expressavam sua mentalidade, sua visão de mundo. A arte é uma referência da própria vida, seja terrena ou cósmica. Todas as formas possuem seus signos próprios, a arte asteca assume o principal significado de evocar o sagrado, expressando-o em termos visuais.
A arte assume o papel preponderante de representação do mundo simbólico-religioso, toda essa visão cósmica que permeia a sociedade asteca como um todo, se reflete no modo como o espaço é representado no simbolismo poético, em seus monumentos arquitetônicos, em suas esculturas, em seu fazer artístico de modo geral.
A estética pré-hispânica esta vinculada ao sagrado, existe um imaginário coletivo, porém nem por isso deixamos de reconhecer o artista em seus traços individuais, como aquele que transforma todo esse simbolismo sagrado em imagem. A arte asteca foi de grande importância dentro do contexto histórico desse povo, tendo sido admirada pelo próprio conquistador e a Europa, em matéria de estética e técnica.
Para a compreensão de qualquer imagem é necessário considerar-se o plano individual e o coletivo. O individual é o próprio artista, o sujeito que cria o objeto que será apreciado por uma coletividade.
Essa compreensão está sujeita ainda a alguns fatores como: o suporte utilizado pelo artista, o material, o objeto ou a "idéia" a ser reproduzida, e para quem (qual o público) aquela imagem foi produzida. O artista pré-hispânico encontra em seu meio ambiente o barro (argila) para a cerâmica e a escultura; as pedras para a escultura, alguns artefatos e para a arquitetura; e os metais. Porém está limitado pelo tema.
Na arquitetura, destaca-se a grandiosidade de seus templos e outras construções que provocam admiração pelo tamanho e falta de tecnologia. Os monumentos arquitetônicos e as esculturas astecas tem como principal regra o princípio horizontal. As esculturas são trabalhadas de todos os lados. A pintura mural era utilizada em seus templos e palácios, sendo que as figuras normalmente não eram personalizadas, sendo identificadas através de pictogramas. A pintura foi utilizada principalmente nos códices (pequenos livros, semelhantes aos manuscritos europeus), responsáveis pela transmissão do conhecimento.
A pintura destaca-se pelas formas figurativas , como também formas abstratas e geométricas . A cerâmica constituiu-se de artefatos como jarras, potes e louças em geral. Muitos desses utensílios domésticos constituíam-se de verdadeiros objetos de arte, com pinturas policromadas.
A imagem asteca assume pois, a função de representação visual e plástica do sagrado. Imagem que lhe é atribuída pelo artista, à partir de suas vivências, das vivências de sua sociedade, das técnicas que distingue sua arte e , fundamentalmente de sua "mente" criadora, de sua fantasia. O artista pode ser o artesão sim, pois ele utiliza a técnica tanto quanto aquele, porém, esta técnica está a serviço de sua fantasia, do imaginário de sua coletividade. 


O historiador Gombrich destaca em uma de suas obras: " o teste da imagem não é a semelhança com o natural, mas a sua eficácia dentro de um contexto de ação" (Gombrich, E.H. Arte e Ilusão).
O artista asteca criou dentro dessa eficácia, as obras que hoje nos ajudam a compreender a sua cultura, a sua concepção do sagrado, e o seu povo.

O Segredo dos Astecas
Assim como os seus antecessores incas, Os Astecas fascinam a arqueologia e despertam suposições em torno do seu desaparecimento. Comunidade marcada pelo trabalho e pelas crenças religiosas, Os Astecas habitavam a região de Astlán, a noroeste do México. Sucessores diretos da linhagem dos toltecas,
Os Astecas inicialmente formavam uma pequena tribo de caçadores e coletores que, em 1325, se deslocou em direção à zona central mexicana e desenvolveu uma agricultura moderna e de subsistência. Entre as invenções dOs Astecas, constam a irrigação da terra e a construção dos "jardins flutuantes" - cultivo de vegetais em terrenos retirados do fundo dos lagos. A construção das chinampas (nome dado a esses jardins) era feita nos lugares mais rasos dos lagos. Os Astecas demarcavam o local das futuras chinampas com estacas e juncos, enchiam-nos com lodo extraído do fundo do lago e misturavam com um tipo de vegetação aquática que flutuava no lago. Esta vegetação formava uma massa espessa sobre a qual se podia caminhar. Estas tecnologias foram essenciais para a fundação e sobrevivência de Tenochtitlán.
Tenochtitlán, capital do império asteca, era bela e bem maior que qualquer cidade da Europa na época. Esta metrópole teve seu apogeu de 400-700 d.C. Com suas enormes pirâmides do Sol e da Lua (63 e 43m de altura, respectivamente), sua Avenida dos Mortos (1.700m de comprimento, seus templos de deuses agrários e da Serpente Plumada, suas máscaras de pedra dura, sua magnífica cerâmica, ela parece ter sido uma metrópole teocrática e pacífica, cuja influência se irradiou até a Guatemala.
Sua aristocracia sacerdotal era sem dúvida originária da zona dos Olmecas e de El Tajín, enquanto a população camponesa devia ser composta por indígenas Otomis e outras tribos rústicas. A religião compreendia o culto do deus da água e da chuva (Tlaloc), da serpente plumada (Quetzalcoatl) símbolo da fecundidade agrária e da deusa da água (Chalchiuhtlicue). Acreditavam na vida após a morte, em um paraíso onde os bem-aventurados cantariam sua felicidade resguadardos por Tlaloc.


Hernan Cortes
O império inca foi construído em apenas um século (XIV). A derrocada veio tão rapidamente quanto a sua ascensão. Em nome da Igreja Católica e da Monarquia do Velho Mundo, os conquistadores espanhóis Hernández de Córdoba, Grijalva e Hernán Cortés, chegaram em 1517 no México, conquistaram e destruíram a civilização Asteca, erguendo sobre as ruínas do templo de seu deus mais importante, uma catedral cristã. A prisão do Príncipe Montezuma e sua submissão direta a Hernán Cortés e Fernán Pizarro. Humilhado e submetido aos favores dos espanhóis, Montezuma foi decepado.

Por incrível que possa parecer, a civilização asteca simplesmente desapareceu. Várias são as hipóteses para sua "fuga". Uma delas alega que o massacre dos Astecas teria impelido os membros da civilização a debandarem para a Floresta da América Central.
Outra hipótese, coadunada por ufólogos e fanáticos em discos voadores, afirma que Os Astecas eram seres extraterrestres ou produtos híbridos, que teriam retornado aos seus planetas de origem, assim que a missão tivesse sido concretizada. Poucos indícios revelam o paradeiro desse povo misterioso.
Entretanto, por volta de 1988 uma equipe de reportagem de uma TV de El Salvador encontrou um achado um tanto desconcertante. 


A ARTE ASTECA
As ruínas astecas indicam muito mais grandeza do que qualidade. Sua arquitetura era menos refinada que a dos maias. Milhares de artesãos trabalhavam continuamente para construir e manter os templos e palácios. Pequenos templos se elevavam no topo de altas pirâmides de terra e pedra, com escadaria levando aos seus portais. Imagens de pedra dos deuses, em geral de forma monstruosa, e relevos com desenhos simbólicos, eram colocados nos templos e nas praças.
A mais famosa escultura asteca é a Pedra do Sol, erradamente conhecida como Calendário de Pedra Asteca. Está no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México. Com 3,7 m de diâmetro, a pedra tem no centro a imagem do deus sol, mostrando os dias da semana asteca e versões astecas da história mundial, além de mitos e profecias.
Os Astecas eram artesãos hábeis. Tingiam algodão, faziam cerâmica e ornamentos de ouro e prata e esculpiam muitas jóias finas em jade. 

 
Cultura e Religião de um povo místico
Dezoito deuses. O politeísmo dOs Astecas estava configurado na crença em divindades representativas para cada uma das funções. Acreditavam em um deus que monitorava o vento, outro que monitorava o sol, outro que cuidava das plantações e assim por diante. A religião e o Estado estavam tão unidos na sociedade asteca que as leis civis tinham por trás de si a força da crença religiosa. Quando entravam em guerra, Os Astecas lutavam não só por vantagens políticas e econômicas, como também pela captura de prisioneiros. Estes eram sacrificados aos muitos deuses. A mais importante forma de sacrifício consistia em arrancar o coração da vítima com uma faca feita de obsidiana, ou vidro vulcânico. Às vezes, os sacerdotes e guerreiros comiam a carne da vítima.
Huitzilopochtli, a divindade asteca favorita, era o deus da guerra e do sol. Exigia o sacrifício de sangue e de corações humanos para que o sol nascesse a cada manhã. Outros deuses importantes eram Tlatoc, da chuva; Tezcatlipoca, "o espelho fumegante", do vento; e Quetzalcoatl, "a serpente de plumas", deus do conhecimento e do sacerdócio. Segundo as lendas astecas, Quetzalcoatl havia atravessado o mar velejando, mas um dia voltaria. Os deuses exigiam cerimônias especiais, orações e sacrifícios a intervalos determinados ao longo do ano e em ocasiões especiais.
Após as guerras, o mais bravo dos prisioneiros era sacrificado. Para isso, caminhava até o altar do templo tocando uma flauta e acompanhado de belas mulheres.

 
História e cultura do povo do Sol
Os Astecas, de acordo com sua própria história lendária, surgiram de sete cavernas a noroeste da Cidade do México. Na verdade, esta lenda diz respeito apenas aos tenochca, um dos grupOs Astecas. Esta tribo dominou o Vale do México e fundou Tenoochtitlán, que se tornaria a capital do império asteca, por volta do ano 1325 d.C. Conta a lenda que o deus Huitzilopochtli conduziu o povo a uma ilha no Lago Texcoco. Ali viram uma águia, empoleirada num cacto, comendo uma serpente. Segundo uma profeciam, este seria o sinal divino para o local da construção de sua cidade.
Os tenochca começaram com um pequeno templo e logo tornaram-se os líderes da grande nação asteca. A primeira parte da história asteca é lendária. Mas o resultado das escavações arqueológicas e os livrOs Astecas servem de base para um relato histórico verídico. A história possui um registro bastante autêntico da linhagem dos reis astecas, desde Acamapichtli, em 1375, a Montezuma II, que era o imperador quando Hernán Cortés entrou na capital asteca em 1519.
 
Montezuma de início acolheu os espanhóis, mas depois conspirou contra eles. Cortés então aprisionou o imperador.
Os Astecas rebelaram-se contra os invasores e Montezuma foi morto no levante. Cortés, com quase mil soldados espanhóis e a ajuda de milhares de aliados indígenas (tribos inimigas dOs Astecas), finalmente conquistou Os Astecas em 1521. Sua vitória foi fácil.
Enqüanto os espanhóis possuíam armas de fogo, cavalos e armas de ferro, Os Astecas praticamente lutavam com as mãos. Outro fator que propiciou o domínio por parte dos espanhóis foi crença, evidentemente equivocada, de que os espanhóis seriam na verdade o deus Quetzalcoatl e seus seguidores, regressando, como rezava a lenda.
O império asteca caiu imediatamente após a conquista. As doenças européias terminaram por assolar a população e dizimar milhares de pessoas.
Os espanhóis arrasaram completamente o centro cerimonial de Tenochtitlán e usaram a área para seus prédios públicos. Derrubaram templos Astecas e erigiram igrejas católicas.


COTIDIANO
A maioria dOs Astecas vivia como os índios de hoje, nas mais remotas aldeias do México. A família morava numa casa simples, feita de adobe ou pau-a-pique e coberta de sapê. O pai trabalhava nos campos com os filhos mais velhos.
A mãe cuidava da casa e treinava as filhas nos afazeres domésticos. As mulheres passavam a maior parte do tempo moendo milho numa pedra chata, a metate, e fazendo bolos sem fermento, as tortillas. Também fiavam e teciam. Os alimentos preferidos eram a pimenta, o milho e o feijão - que produziam em larga escala para consumo. As roupas eram feitas de algodão ou de fibras das folhas de sisal.
Os homens usavam tanga, capa e sandálias. As mulheres trajavam saias e blusas sem mangas. Desenhos coloridos nas roupas revelavam a posição social de cada asteca. Os chefes de aldeia usavam uma manta branca e os embaixadores carregavam um leque. Em geral, os sacerdotes se vestiam de negro.



EDUCAÇÃO
Os sacerdotes tinham controle total sobre a educação. O império asteca era provido de escolas especiais, as calmecas, que treinavam os meninos e meninas para as tarefas religiosas oficiais. As escolas para as crianças menos disciplinadas eram chamadas de telpuchcalli, ou "casas da juventude", onde elas aprendiam história, tradições astecas, artesanatos e normas religiosas.
Os Astecas registravam os acontecimentos mais importantes em livros feitos de papel preparados com folhas de sisal. Estes livros eram enrolados como pergaminhos ou dobrados como mapas. Os Astecas não possuíam um alfabeto. Criaram uma espécie de escrita em logogrifo, usando imagens e caracteres simbólicos. 

Fonte:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-asteca/os-astecas.php

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Apocalypto



O filme “Apocalypto” é dividido em três grandes períodos e o ‘desfecho arrebatador’, sendo que o primeiro período abarca vida tranqüila de um povo primitivo que sobrevive basicamente da caça; o segundo marca a ruptura da tranqüilidade, a invasão da aldeia por Indígenas belicosos; O terceiro corresponde ao contato entre esses dois ‘povos primitivos’, a vitória dos invasores, a jornada dos prisioneiros a caminho do desconhecido, e a fuga de Jaguar Paw, o protagonista. O desfecho acontece com a chegada dos espanhóis, terminando exatamente neste ponto.

A obra analisada busca retratar as civilizações pré-colombianas da América Central, mas precisamente os Maias, embora isto nunca fique explicitado. Faz isso por meio de uma história repleta de ingredientes atrativos ao público alvo, contém: ação, romance e novidade. E embora seja inegável que houve alguma pesquisa histórica para a construção do filme, não há compromisso com o saber histórico, o que percebemos é uma miscelânea de informações e alguns anacronismos.



O filme Inicia-se com uma citação do filósofo, historiador e escritor Will Durant sobre Roma, referindo que uma civilização só é conquistada do exterior quando já se destruiu a si mesma. Este início convém para justificar a vitória dos espanhóis, parecendo assim que as Civilizações indígenas estavam enfraquecidas, principalmente pelas guerras inter-tribais.

O enredo central é a história de um jovem indígena, denominado Jaguar Paw, que ao perceber a sua aldeia atacada por um grupo de guerreiros, consegue proteger sua família, mulher grávida e o filho pequeno, por meio de uma ação instintiva. Coloca-os escondidos dentro do poço vazio da aldeia, porém por se profundo, este local em um primeiro momento protege e depois se transforma em uma prisão perigosa, pois eles não conseguirão sair e a chuva poderá matá-los afogados. Jaguar Paw é capturado, mas luta heroicamente por sua própria vida, pois dele dependeria a sobrevivência daqueles que ama e que deixou para trás.


Neste filme fica claramente marcado o maniqueísmo, o bom, Jaguar Paw era um homem de família, sendo: um bom filho, bom marido e bom pai. Também era trabalhador e pacífico, possuía todas as características de um cristão, mesmo sem conhecer a ‘verdadeira religião’. Contra o mau, os guerreiros Maias, caracterizados como violentos, bárbaros e possuidores de uma religião insana.

No decorrer da trama, ao serem capturados os indígenas da tribo de Jaguar Paw são levados prisioneiros pelos vencedores. Quando termina o trajeto, chegam a uma cidade em construção, onde os melhores homens são separados para serem sacrificados em honra ao deus sol Kulkulkan, e os demais prisioneiros servirão de escravos. Durante o ritual de sacrifício não há explicações, o expectador leigo não conseguirá discernir o significado do sacrifício, nem compreender a visão indígena, segundo a qual o sangue acalmaria a ira do grande deus e abrandaria os castigos imputados por ele sobre a agricultura maia. Entenderão estas cenas como exemplos da barbárie daquele povo e verãos os espanhóis como aqueles que introduziram a verdadeira religião, livrando os indígenas da vida de horrores que levavam. Talvez seja este o verdadeiro ‘novo começo’ que o título ‘Apocalypto’ se refere.

Outro elemento que contribui para que haja um entendimento deturpado da civilização Maia é a imagem anacrônica do cemitério dos sacrificados, enormes valas em que os corpos decapitados ficam expostos, similares aquelas imagem de montanhas de corpos do holocausto. Isto não corresponde ao que de fato acontecia, os corpos não eram alocados em valas comuns, e sim enterrados ou atirados as cavernas naturais, lugares sagrados para a religião Maia.



O jovem Jaguar Paw é salvo ‘milagrosamente’ pela ocorrência de um eclipse bem no exato momento que seria sacrificado, os Maias assombrados interpretaram este sinal da natureza como mensagem que o deus estava satisfeito e o derrame de sangue deveria ser interrompido. Este ponto também é passível de crítica, pois este povo possuía conhecimento de astronomia e sabia da existência dos eclipses, portanto não ficariam tão assustados com a ocorrência de um.

Apocalypto é um filme comercial, busca temas que rendam bilheteria e, por conseguinte lucro, isso talvez explique o porquê do filme se centralizar na questão da violência e esquecer a riqueza de abordagens possíveis sobre os Maias, que apesar de aparecerem como povo mais avançado em relação às outras aldeias, não há referencia sobre a agricultura, a construção das pirâmides, o desenvolvimento de um sistema de escrita, a forma de calendário e a astronomia sofisticada deste povo. A religião embora enfocada, aparece de forma estereotipada e desprovida de um significado plausível.




Todavia não negamos os méritos do filme, as roupas, as tatuagens, os adornos usados na cabeça, o dialeto utilizado, o ambiente, forma um quadro que interpretados corretamente poderão denotar uma imagem próxima do ‘real’. Entretanto estes elementos não são explorados na trama e poucos os expectadores que entenderão os seus significados.

Este filme apresenta uma história dos mais fortes subjugando os mais fracos, primeiro os maias vencem e dominam os povos menos desenvolvidos, depois virão os espanhóis, que por serem civilizados e ‘superiores na técnica e na cultura’ dominarão a todos.

Texto Disponivel em:
Tetê Castilho

sexta-feira, 30 de março de 2012

Decameron - Filme 1971



Decameron é um filme italiano de Pier Paolo Pasolini, estreou em 1971.
Uma adaptação de nove histórias do Decameron de Giovanni Boccaccio, coleção de cem novelas escritas entre 1348 e 1353, que é considerada marco literário na ruptura entre a moral medieval e o realismo, substituindo o divino pela natureza como móvel da conduta humana. Lançando mão de doses de humor satírico, o filme é dividido em nove histórias, que compõem um painel da vida social na Itália medieval.


Interpretação:
Franco Citti 
 Ninetto Davoli
Jovan Jovanovic
Vincenzo Amato
Angela Luce
Giuseppe Zigaina

Baseado numa obra de Giovanni Boccaccio

Realização - Pier Paolo Pasolini 
Argumento - Pier Paolo Pasolini, 
baseado numa obra de Giovanni Boccaccio 
Produtor - Alberto Grimaldi 
Fotografia - Tonino Delli Colli 
Música - Ennio Morricone 
Tradutor - Storyline Audiovisuais, Lda.

Giovani Boccaccio e o Decamerão


Autor
Giovanni Boccaccio:

Giovanni Boccaccio, poeta e crítico literário, cristão e contemporâneo aos fatos abordados no Decamerão. Não se sabe ao certo o local do seu nascimento que foi em 16 de junho de 1313 e em 21 de dezembro de 1375 morre aos 62 anos. Giovanni Boccaccio foi um importante humanista, autor de várias obras notáveis, entre elas, o Decamerão, o poema alegórico Visão Amorosa (Amorosa visione), o De claris mulieribus e uma série de biografias de mulheres ilustres. A obra "Decamerão" fez de Boccaccio o primeiro grande realista da literatura universal.

Especializado na obra de Dante Alighieri, ao ler "A Comédia", ficou tão fascinado que a renomeou de "A Divina Comédia", título com que a obra ficou imortalizada. Boccacio foi o autor de uma das primeiras biografias de Dante, o Trattatello in laude di Dante, também conhecido como Vita di Dante. Encontra-se sepultado na Igreja de São Jacó e Filipe na Toscana, Itália.

 
A Obra: Decamerão

Decamerão, também conhecido com o subtítulo de Príncipe Galeotto, foi escrito em dialeto toscano e datada no período 1348 e 1353. A obra é dividida em dez capítulos principais, que por sua vez têm dez histórias relacionadas ao tema de que trata o capítulo. As histórias são contadas por um grupo de amigos que se isola para proteger-se da peste que assola a cidade de Florença por volta do século XIV. Falam sobre amores traídos, amores realizados, histórias picantes de sexo, amores com finais felizes outras vezes com finais tristes. O livro retrata fielmente a Idade Média e desafia a Igreja e os costumes da época com tom debochado com que trata de assuntos como religiosidade e sociedade.

No Proêmio da primeira novela Boccaccio expõe o motivo de escrever o Decamerão:

É humano ter a gente compaixão dos aflitos [...] Eu figuro entre estas criaturas, se é que alguém já teve necessidade de compaixão – se este sentimento já foi caro a alguém – se alguém dele já aferiu prazer (BOCCACCIO. 1987, p 31).

A gratidão, no meu modo de entender, deve ser colocada entre as virtudes; e a ingratidão deve ser lamentada. Para não ser ingrato, propus-me, a mim mesmo, agora, que me posso considerar livre, a tarefa de oferecer algum alivio, dentro do que me é possível, em troca daquilo que recebi (BOCCACCIO. 1987, p 32).

E também faz uma narrativa sobre o flagelo da peste negra que dizimara a Europa, constituindo um verdadeiro documento acerca desta praga que devastara o continente.

Muitas vezes, minhas graciosas mulheres, eu, pensando comigo mesmo, tomo em consideração o quanto vocês são piedosas por natureza. Conheço inúmeras mulheres para as quais, a seu juízo, esta obra terá começo triste e aborrecido. Triste e aborrecida é a dolorosa recordação da pestífera montandade há pouco verificada. A cada um, e a todos, que a viram, ou dela tiveram conhecimento, ela foi prejudicial. E é essa recordação que esta obra traz no seu proêmio (BOCCACCIO. 1987, p 35).

Diferente de outros livros convencionais, Decamerão não é separado por capítulos e sim por jornadas, sendo elas 10 e em cada uma das suas jornadas tem 10 novelas. As jornadas são nomeadas pelos nomes dos dez Personagens quando estes exercem o seu reinado que era da sua responsabilidade por um dia, sendo o primeiro escolhido por eleição de todos e os subseqüentes escolhidos por aquele ou aquela que tivesse no comando do dia, resultando na respectiva ordem: 

Jornadas
Título
Jornadas
Título
1ª Jornada
Pampinéia
6ª Jornada
Elisa
2ª Jornada
Filomena
7ª Jornada
Dionéio
3ª Jornada
Neifile
8ª Jornada
Laurinha
4ª Jornada
Filóstrato
9ª Jornada
Emília
5ª Jornada
Fiammetta
10ª Jornada
Pânfilo

 

O contexto histórico:

A Renascença, período que compreende os séculos XIV a XVI, é marcado pelas transformações constantes em vários seguimentos sociais: O comércio, a arte, a literatura, a ciência, a política e também no campo religioso. O repúdio aos valores medievais encontra força no antropocentrismo que tinha o homem com o centro do universo e não mais a idéia teocêntrica que defendia Deus como o centro de tudo. As idéias naturalista, racionalista e hedonista (do grego hedonê, "prazer", "vontade"), fazem parte de cotidiano. A Igreja já não é a fonte de todo o conhecimento e a Ciência apresenta-se como o caminho para as respostas de todos os questionamentos. A região que hoje compreende a Itália detinha uma grande parcela do monopólio comercial de especiarias no mediterrâneo. A burguesia mercantil começa a tornar uma classe importante e a intervir nos destinos social político das cidades. O conflito entre burguesia e nobreza pode ser encontrado na obra de  Dante Alighieri – um homem de família nobre – um dos seus maiores, senão, o maior  crítico desta referida sociedade. Já Giovanni Boccaccio embora tenha sido reconhecido como um admirador de Dante, representa a burguesia com ideais próprios dos homens de sua classe social e uma linguagem peculiar, este autor, juntamente com Dante e Petrarca, considerados os mais importantes escritores da Renascença, escreveu uma das mais belas obras o período, o Decamerão.
Nela, o autor explicita a sua preocupação com a peste negra que, em meados do século XIV, dizimou grande parte da população não só na Itália, mas também em toda a Europa. Para dar o devido respaldo destacamos o seguinte texto: 
  
Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença, cuja beleza supera a de qualquer outra da Itália, sobreveio a mortífera pestilência. Por iniciativa dos corpos superiores ou em razão de nossas iniquidades, a peste atirada sobre os homens por justa cólera divina e para nossa exemplificação, tivera início nas regiões orientais, há alguns anos. Tal praga ceifara, naquelas plagas, uma enorme quantidade de pessoas vivas. Incansável, fora de um lugar para outro; e estendera-se, de forma miserável, para o Ocidente.
Os homens se evitavam [...] parentes se distanciavam, irmão era esquecido por irmão, muitas vezes o marido pela mulher; ah, e o que é pior e difícil de acreditar, pais e mães houve que abandonaram os filhos à sua sorte, sem cuidar deles e visitá-los, como se fossem estranhos. (BOCCACCIO. 1987, p 35-36,38).

 
BOCCACCIO, Giovanni. Decamerão. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Abril cultural, 1971.

Parte de um roteiro elaborado para apresentação do seminário  "A cultura popular na obra de Giovanni Boccaccio", na disciplina de Moderna I . 
Integrantes: 
 
André Mikéias
Bartira de Jesus Oliveira
Júlio Santos Silva
Kleyton Andrade Paiva
Mathias Ferraz Cabral de Araújo
Miguel Francisco de Goês Jr.