quinta-feira, 1 de março de 2012

Aula de Campo em Rio de Contas


       Aula de Campo em Rio de Contas
No dia 13 de agosto de 2011, um sábado, partimos de Vitória da Conquista para Rio de Contas em uma atividade de aula de campo dos alunos do curso de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Sob a orientação do professor de História da Bahia, José Dias, podemos conhecer a cidade de Rio de Contas com a sua arquitetura belíssima do Período Colonial e tivemos contato com  duas comunidades quilombolas, onde pudemos presenciar a relação passado x presente que existe na cidade e sua influência sobre a vida dos habitantes nos dias de hoje.


A primeira atividade que exercemos foi no arquivo público municipal, onde tivemos contato com documentos do século XVIII e XIX, cartazes do teatro S. Carlos, matrìcula de escravos datada de 1748, cadeiras do período, inventários, carta de liberdade, testamentos, arrolamentos, exemplar do jornal cinzel datada de 1925 entre outros documentos. No arquivo municipal conhecemos um resumo da história de Rio de Contas. Surgiu em 1687 com o nome de Arraial dos crioulos, em 1713 houve a descoberta de ouro por Sebastião Ribeiro da Fonseca Raposo. Em 1718 foi criada a primeira freguesia do alto sertão baiano com a denominação de Santo Antônio do Mato Grosso e teve outras denominações como Vila de Nossa senhora do Livramento e Minnas do Rio das Contas entre 1723 e 1725, ouve transferência da vila entre 1744 e 1746 e finalmente no ano de 1840 simplificou-se o nome para Minas de Rio de Contas e Rio de Contas em 1931. As primeiras construções do século XVIII foram a casa de câmara e cadeia e a igreja de S. Sacramento a partir de 1958 foram tombados como  patrimônios históricos pelo IPHAN, as igrejas Matriz do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora Santana, com o conjunto arquitetônico todo tombado em 1980. Ainda no arquivo municipal, onde é conservado um acervo de documentos do poder executivo, legislativo e judiciário, observamos os documentos que são organizados em caixas de arquivo morto de papelão, para preservação dos mais frágeis. Ao analisar os documentos podemos perceber as especificidades de cada documento, a forma como eram organizados e estruturados, a caligrafia e o próprio contexto da época, certamente uma atividade muito significativa para nós historiadores.


         
No Domingo pela manhã fomos visitar duas comunidades quilombolas, Barra e Bananal, cada uma com as suas características próprias, com vestígios da modernidade dos tempos atuais, preparadas para o turismo e de difícil acesso por meio da estrada de terra e acidentada. No contato com os moradores dos quilombos, percebemos que eles dependem da cidade para saúde, educação e alimentos, mais também plantam para sua subsistência e exploram o turismo vendendo bordados, pinga fabricada no próprio quilombo, licor, entre outros. Nas duas comunidades quilombolas tinha igreja e uma placa em cada uma delas destacando o 1º centenário da abolição de 13 de maio de 1888.
Infelizmente devido ao tempo não foi possível conhecer a comunidade do mato Grosso, formada por brancos. 




       Na segunda feira pela manhã tivemos contato com as igrejas de Nossa Senhora Santana e do Santíssimo Sacramento. A igreja de Nossa Senhora Santana estava em reforma e quase não podemos conhecer, felizmente Fernando que trabalha no IPHAN nos mostrou a igreja e sua arquitetura em pedras e sem finalizar por causa da crise do ouro no inicio do século XIX, Mesmo assim ainda muito bonita e singular. Depois fomos conhecer a igreja do Santíssimo Sacramento que tem características visíveis da arquitetura barroca. Diferente da de Nossa Senhora Santana, a igreja do S. Sacramento tem o altar banhado a ouro, demonstrando a riqueza do período do ouro em Rio de Contas e também do período colonial. Olhando as arquiteturas das duas igrejas pode-se perceber a influência da riqueza no mesmo período, nua fase boa de ouro e igreja do S. Sacramento e em uma fase ruim a igreja de Nossa Senhora Santana, inacabada, mais também significativa para a história local. Para finalizar conhecemos a casa de câmara e cadeia, hoje o fórum Barão de Macaúbas, que deveria ser fechada como fórum para ser apenas um museu ou local de visitação.  Conhecemos as salas em funcionamento na parte de cima onde funcionava a antiga prefeitura da província da Bahia e no pavimento térreo a temida cela das prisões.  




       Finalizando, pode se perceber que a histórica cidade de Rio de Contas para nós historiadores é uma fonte inesgotável de análise e pesquisa do contexto histórico dos séculos XVIII e XIX, levando-se em conta que como investigadores do passado, devemos analisar as fontes escritas documentais e não desprezar as fontes orais, um exercício significativo para a nossa atividade de historiadores. 

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