Aula de Campo em Rio de Contas
No dia 13 de agosto de 2011, um sábado,
partimos de Vitória da Conquista para Rio de Contas em uma atividade de aula de
campo dos alunos do curso de História da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (UESB). Sob a orientação do professor de História da Bahia, José Dias,
podemos conhecer a cidade de Rio de Contas com a sua arquitetura belíssima do Período
Colonial e tivemos contato com duas
comunidades quilombolas, onde pudemos presenciar a relação passado x presente que
existe na cidade e sua influência sobre a vida dos habitantes nos dias de hoje.
A primeira atividade que exercemos foi no arquivo público municipal,
onde tivemos contato com documentos do século XVIII e XIX, cartazes do teatro
S. Carlos, matrìcula de escravos datada de 1748, cadeiras do período,
inventários, carta de liberdade, testamentos, arrolamentos, exemplar do jornal
cinzel datada de 1925 entre outros documentos. No arquivo municipal conhecemos
um resumo da história de Rio de Contas. Surgiu em 1687 com o nome de Arraial
dos crioulos, em 1713 houve a descoberta de ouro por Sebastião Ribeiro da
Fonseca Raposo. Em 1718 foi criada a primeira freguesia do alto sertão baiano
com a denominação de Santo Antônio do Mato Grosso e teve outras denominações
como Vila de Nossa senhora do Livramento e Minnas do Rio das Contas entre 1723
e 1725, ouve transferência da vila entre 1744 e 1746 e finalmente no ano de
1840 simplificou-se o nome para Minas de Rio de Contas e Rio de Contas em 1931.
As primeiras construções do século XVIII foram a casa de câmara e cadeia e a
igreja de S. Sacramento a partir de 1958 foram tombados como patrimônios históricos pelo IPHAN, as igrejas
Matriz do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora Santana, com o conjunto
arquitetônico todo tombado em 1980. Ainda no arquivo municipal, onde é conservado um acervo de documentos do
poder executivo, legislativo e judiciário, observamos os documentos que são
organizados em caixas de arquivo morto de papelão, para preservação dos mais
frágeis. Ao analisar os documentos podemos perceber as especificidades de cada
documento, a forma como eram organizados e estruturados, a caligrafia e o
próprio contexto da época, certamente uma atividade muito significativa para
nós historiadores.
No Domingo pela manhã fomos visitar duas comunidades quilombolas, Barra
e Bananal, cada uma com as suas características próprias, com vestígios da
modernidade dos tempos atuais, preparadas para o turismo e de difícil acesso
por meio da estrada de terra e acidentada. No contato com os moradores dos
quilombos, percebemos que eles dependem da cidade para saúde, educação e
alimentos, mais também plantam para sua subsistência e exploram o turismo
vendendo bordados, pinga fabricada no próprio quilombo, licor, entre outros.
Nas duas comunidades quilombolas tinha igreja e uma placa em cada uma delas
destacando o 1º centenário da abolição de 13 de maio de 1888.
Infelizmente devido ao tempo não foi possível
conhecer a comunidade do mato Grosso, formada por brancos.
Na segunda feira pela manhã tivemos contato com as igrejas de Nossa
Senhora Santana e do Santíssimo Sacramento. A igreja de Nossa Senhora Santana
estava em reforma e quase não podemos conhecer, felizmente Fernando que
trabalha no IPHAN nos mostrou a igreja e sua arquitetura em pedras e sem
finalizar por causa da crise do ouro no inicio do século XIX, Mesmo assim ainda
muito bonita e singular. Depois fomos conhecer a igreja do Santíssimo
Sacramento que tem características visíveis da arquitetura barroca. Diferente
da de Nossa Senhora Santana, a igreja do S. Sacramento tem o altar banhado a
ouro, demonstrando a riqueza do período do ouro em Rio de Contas e também do
período colonial. Olhando as arquiteturas das duas igrejas pode-se perceber a
influência da riqueza no mesmo período, nua fase boa de ouro e igreja do S.
Sacramento e em uma fase ruim a igreja de Nossa Senhora Santana, inacabada,
mais também significativa para a história local. Para finalizar conhecemos a
casa de câmara e cadeia, hoje o fórum Barão de Macaúbas, que deveria ser
fechada como fórum para ser apenas um museu ou local de visitação. Conhecemos as salas em funcionamento na parte
de cima onde funcionava a antiga prefeitura da província da Bahia e no
pavimento térreo a temida cela das prisões.
Finalizando,
pode se perceber que a histórica cidade de Rio de Contas para nós historiadores
é uma fonte inesgotável de análise e pesquisa do contexto histórico dos séculos
XVIII e XIX, levando-se em conta que como investigadores do passado, devemos
analisar as fontes escritas documentais e não desprezar as fontes orais, um
exercício significativo para a nossa atividade de historiadores.
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