terça-feira, 20 de março de 2012

O Evolucionismo Cultural no Filme A Massai Branca


         
 Evolucionismo Cultural como diz o próprio nome, é um termo ligado a evolução do homem, de uma espécie ou uma cultura, porém em termos teóricos de evolucionismo cultural, não existe um conceito formado ou uma unicidade de pensamento do termo. Para Wirnick “Evolucionismo é a teoria segundo a qual toda vida e o universo se desenvolveram graças ao crescimento e as mudanças”, Leslie diz que “É um processo temporal-formal, continuo e geralmente acumulativo e progressivo, por meio do qual os fenômenos culturais sistematicamente organizados sofrem mudanças, uma forma ou estagio sucedendo ao outro”, enfim, existem muitas dificuldades para definir e evolução cultural, os próprios teóricos diferem em sua linha de pesquisa.
          Ainda na linha de Evolucionismo cultural, assistimos ao filme “A Massai Branca” como laboratório para entendermos melhor o evolucionismo e discutirmos sobre o choque das culturas. Segue um resumo “critico” sobre o filme:
Um filme de fato intrigante que nos leva a pensar em muitas questões – que não fica claro durante o filme -, dentre elas destacamos as seguintes: O que fez com quê uma mulher branca, européia e “civilizada” se apaixonasse por um africano de uma “tribo” Massai? Por que essa mesma mulher acostumada à ambientes “civilizados” deixou tudo para trás e foi morar no meio do nada, sem as mínimas condições de higiene e saúde? Como já havíamos citado antes, o filme não deixa claro.


            O que conseguimos perceber é uma visão eurocêntrica desde as primeiras cenas do filme até o seu final. Começa mostrando as locações nas cidades africanas e passa uma imagem de que não existe ordem, um caos total e as únicas coisas boas que tem lá são as belezas naturais (pouquíssimas, diga-se de passagem), os refrigerantes que são do “primeiro mundo” e os “selvagens”. Depois o amor inesperado de uma européia por um guerreiro Massai – que logo depois é visto apenas como alguém que se apresenta para turistas e é pastor de cabras – que viaja por doze horas em condições nada elegantes para encontrar o grande amor de sua vida. A primeira cena de “amor” é colocada para nós de uma forma que podemos concluir que um ser animalesco arrebenta com os sonhos de uma mulher em menos de dois minutos apenas para satisfazer suas grotescas necessidades sexuais.
            Outro ponto interessante é a falta de respeito com que a civilização Massai é tratada. Não há um respeito por parte da mulher que abandonou o seu “mundo civilizado” para viver em uma “tribo”. Ela não era conhecedora dos costumes, da cultura dessa civilização e com a mesma mentalidade dos colonizadores de outrora tentou inserir conceitos pré-estabelecidos. O seu “casamento”, uma celebração religiosa ao estilo Massai e ela aparece com um vestido de noiva, branquinho! Logo depois introduz um veículo (apesar de ter os seus benefícios como no caso da mulher que estava prestes a parir e que não sobreviveu) e em seguida um “mercado”, algo inimaginável para uma mulher da cultura Massai... Mais um choque cultural. Sem descrever a cenas em que ela conversava com outros homens olhando nos olhos, na nossa cultura é normal, mas entre os Massai é inadmissível! Não vou falar a respeito da “castração” das meninas que despontavam para a puberdade, pois, isso não se restringe ao aspecto cultural.


            Por fim, ao abandonar o seu “grande amor” uma revelação sobre o nome da filha, a assinatura do pai não constava da certidão de nascimento e do passaporte. Um rompimento dos laços afetivos – se é que existiram – de uma vez por todas. Fica a imagem de um filme extremamente preconceituoso que não define realmente o que é a cultura Massai, mostrando a imagem do europeu refinado, singelo e frágil diante de seres grotescos que não tem uma língua (o filme não traduz os diálogos entre os Massai), que só emitem sons “guturais”. 
         Para concluir nosso comentário, devemos repensar sobre o que entendemos de um povo culto e civilizado. Por que apenas aquela mulher branca e européia é considerada culta, ou sabia? E a cultura e os conhecimentos daquele povo, daquela tribo que vive sem nenhum acesso a tecnologia e mesmo assim a mãe de Lemalian apenas ao tocar em Carola sabe que ela está grávida? Não é possível dizer que são ignorantes, ignorantes e preconceituosos são aqueles que não reconhecem e não respeitam a uma cultura diferente da sua.



Texto Produzido por Kleyton Andrade e Miguel Francisco de Goês Jr.



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